quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Um guarda-chuva pra dois.

   4 e meia da tarde, All star no pé, olhos de ressaca, roupas largas e fones no ouvido. Esse era eu andando por andar sobre o meio-fio de uma rua pacata, triste, um tanto quanto solitária. Assim como eu naquele momento. A sensação de semelhança entre a rua e meu ser me fazia bem. Era bom ver que não estava totalmente sozinho. Pelo menos ali. Era Outono, a coloração das folhas das árvores soava perfeita quando estas, tocadas pelo sol, davam um tom amarelado à rua, a mim. Talvez fosse coisa da minha cabeça. O meio-fio era meu suporte, percorrê-lo era meu único intento. E quanto aos desiquilíbrios pelo meio do caminho? E quanto às imperfeições do meu trilho? E quanto a minha disposição para me reequilibrar e seguir em frente? Torções de tornozelos são sempre dolorosas. O medo de anomalias ruins pelo caminho existia. A desistência, porém, nunca foi uma opção. A rua era imensa e eu já estava exausto. Iniciava-se uma garoa. Avistava uma silhueta se aproximar em minha direção. Era uma jovem, suponho que da minha idade. Cada vez mais próximos e nada acontecia. Permanecíamos caminhando e cada vez maior era a semelhança entre nossas situações, revelavam os olhares de um ao outro. Nos encontramos, paramos a olharmos por algum tempo. De quem seria a primeira atitude para cessar aquele impasse? A chuva aumentou. Muito. Ouvia-se o grito dos telhados, arrancados pela força da água. Ela tirou um guarda-chuva amarelo de sua bolsa, me segurou pelo braço e me pôs embaixo dele, juntamente a ela. Me acalentara. Assim mesmo, como se já fossemos amigos íntimos. Continuamos a andar, mas fomos ousados e seguimos pelo meio da rua.  Unidos pelo Guarda-chuva. Bem pelo centro. Sem medo. Com os braços dados.

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